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O que é Mariologia?

No contexto atual, os cristãos, que buscam viver seu cristianismo de maneira consciente e responsável, sentem a necessidade de conhecer melhor a figura e a missão de Maria, a Mãe de Jesus Cristo. Por isso, procuram aprofundar seus conhecimentos pelo estudo das Sagradas Escrituras, da Tradição e da doutrina da Igreja, da teologia e de outras formas científicas de análise da fé.

A veneração da Virgem Maria está presente na vida da Igreja, tanto na piedade popular como no culto oficial. É “um fato eclesial relevante e universal. Ela brota da fé e do amor do povo de Deus para com Cristo, Redentor do gênero humano, e da percepção da missão salvífica que Deus confiou a Maria de Nazaré, através da qual a Virgem não é somente Mãe do Senhor e do Salvador, mas também, no plano da graça, a Mãe de todos os homens” (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, nº. 183).

Quando os cristãos, que estão imbuídos da veneração mariana, desejam compreender bem as verdades da fé, experimentam o dever e a urgência de considerar e refletir sobre a pessoa e o lugar de Maria no projeto de Deus e na vida da Igreja. Com razão buscam aprender a mariologia, disciplina valorosa e importante na caminhada da comunidade cristã.

O QUE É MARIOLOGIA?

A formulação da palavra “mariologia” foi feita pelo siciliano Plácido Nigido, que usando o nome de seu irmão Nicolau publicou, em Palermo, no ano de 1602, a sua obra mariana. “Mariologia” é um termo grego, que significa “discurso” ou “estudo” de Maria.

A mariologia é a parte da teologia que estuda a figura, o mistério, a missão e o significado de Maria na história da salvação. É “a ciência teológica que investiga, esclarece e aprofunda a presença atuante de Nossa Senhora no mistério de Cristo e da Igreja” (Ir. Aleixo Maria Autran, marista e escritor mariano).

Paulatinamente, os cristãos, que têm sede de compreender melhor os fundamentos de sua fé, vão descobrindo a importância e o valor da mariologia, realizando estudos em seus grupos, comunidades, centros culturais, academias, associações, institutos e faculdades.

ORIENTAÇÕES DO CONCÍLIO VATICANO II

O próprio Concílio Vaticano II (1962-1965) incentivou e orientou o estudo da mariologia, expondo bases sólidas e diretrizes seguras.

Na Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, que trata da Igreja, o Concílio recomendou aos “os teólogos e pregadores da palavra divina a que na consideração da singular dignidade da Mãe de Deus se abstenham com diligência tanto de todo o falso exagero quanto da demasiada estreiteza de espírito. Sob a direção do Magistério cultivem o estudo da Sagrada Escritura, dos Santos Padres e Doutores e das liturgias da Igreja para retamente ilustrar os ofícios e privilégios da Bem-aventurada Virgem que sempre levam a Cristo, origem de toda verdade, santidade e piedade” (LG no. 67).

Ao mesmo tempo em que insiste, com diligência e abertura, na atitude de diálogo ecumênico, o Concílio faz saber aos cristãos que “a verdadeira devoção não consiste num estéril e transitório afeto, nem numa certa vã credulidade, mas procede da fé verdadeira pela qual somos levados a reconhecer a excelência da Mãe de Deus, excitados a um amor filial para com nossa Mãe e à imitação das suas virtudes” (LG no. 67).

Conscientes das orientações do Concílio, os cristãos assumem o estudo da mariologia com solicitude, seriedade, método, perseverança e ternura, esclarecendo e aprofundando seu conhecimento, sua reflexão e sua cultura. De maneira didática, o estudo, que se baseia nas Sagradas Escrituras e considera o contexto atual, abrange a tradição e vida da Igreja, a história da mariologia, a compreensão dos dogmas marianos, a reflexão teológica e cultural, o diálogo ecumênico e inter-religioso, o culto e piedade do povo, a aproximação com as ciências humanas e a missão dos cristãos na Igreja e na sociedade.

MARIOLOGIA NO CONJUNTO DA FÉ CRISTÃ

A mariologia há estar sempre integrada no conjunto da fé cristã. “O estudo da mariologia não é e jamais poderia ser uma reflexão isolada. É preciso evitar apresentações unilaterais da figura e da missão de Maria. Há necessidade de ligá-la aos estudos de cristologia, eclesiologia, pneumatologia, antropologia, escatologia etc.” (Dom Murilo S. R. Krieger, bispo e escritor mariano).

A mariologia ilumina e orienta a vida e missão dos cristãos. Não é uma ciência fechada em si mesma, presa em seus conceitos e formulações. Ao contrário, constitui um estudo teológico que ajuda os devotos em sua caminhada humana e espiritual. Iluminada pela mariologia e desenvolvida por uma dinâmica pastoral mariana, a piedade para com a Virgem Maria tem uma “grande força pastoral e constitui uma força inovadora dos costumes cristãos” (Paulo VI. Exortação Apostólica “Marialis Cultus”, nº. 31).

O estudo de mariologia ajuda os cristãos a renovarem e a aprofundarem o seu culto autêntico para com a Mãe do Salvador. O próprio Papa Paulo VI insiste na necessidade desta renovação mariana, dizendo que a “veneração dos fiéis pela Mãe de Deus tem revestido, de fato, formas diversas, de acordo com as circunstâncias de lugar e de tempo, com a distinta sensibilidade dos povos e com as suas diferentes tradições culturais. Disso resulta que, sujeitas ao desgaste do tempo, essas formas em que se expressa a piedade se apresentam necessitadas de uma renovação, que permita substituir nelas os elementos caducos, precisam valorizar os perenes e incorporar os novos dados doutrinais adquiridos pela reflexão teológica e propostos pelo magistério eclesiástico” (Exortação Apostólica “Marialis Cultus”, nº. 24).

 ESTUDO E ESPIRITUALIDADE

“Mariologia” é um termo grego, que significa “discurso” ou “estudo” de Maria.

É de fundamental importância que o estudo de mariologia seja feito em clima de espiritualidade, inspirando e favorecendo a oração dos cristãos. Teólogo franciscano, São Boaventura (1221-1274) já recomendava: “Ninguém creia que basta a leitura sem a unção, a especulação sem o estupor, a pesquisa sem o exultamento, a atividade sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humilde, o estudo sem a graça divina, o perscrutar sem a sabedoria da inteligência divina” (Itinerarium Mentis in Deum, Prologus 4,53).

Por outro lado, o estudo da mariologia deve favorecer o cristão a adquirir uma sólida e ardorosa espiritualidade mariana. O estudioso não pode reduzir suas reflexões marianas a um conjunto de conceitos intelectuais bem expressos. Precisa unir o esforço mental com a prática espiritual, sem cair tanto no racionalismo como no sentimentalismo. Estudando a mariologia, procura também inspirar sua vida nas atitudes e virtudes de Nossa Senhora, querendo seguir, com a Igreja, “as pegadas do itinerário percorrido pela Virgem Maria, a qual avançou na peregrinação da fé, mantendo fiel a união com seu Filho até a cruz” (João Paulo II. Carta Encíclica “Redemptoris Mater”, nº. 2).

A formação do cristão na mariologia deve ser sempre completa, integrando bem e de forma harmoniosa o estudo, o culto e a vivência. Para isso, é imprescindível que ele adquira um conhecimento abrangente e exato da doutrina que a Igreja tem sobre a Mãe de Jesus. É preciso também que nutra um amor verdadeiro à Mãe de Deus, cultivando a devoção mariana com conteúdos e expressões profundas e autênticas. Além disso, o devoto deve desenvolver a habilidade de comunicar os seus conhecimentos marianos aos outros com competência, cordialidade e sabedoria.

ROTEIRO DE ESTUDO DA MARIOLOGIA

Para estudar a mariologia, o cristão precisa perceber e analisar, com critérios e a ajuda das ciências humanas, a situação atual da Igreja, da sociedade e da cultura em relação à presença e ao significado da Mãe de Jesus. Existem vários livros e revistas que mostram como os nossos contemporâneos se relacionam com a figura de Nossa Senhora.

Outro passo imprescindível do estudo de mariologia é a leitura e a meditação da Bíblia. A Sagrada Escritura é a alma e a base da formação mariana. Com ajuda de publicações de obras de exegese, o devoto pode conhecer e estudar a figura e a presença de Maria nos textos bíblicos. Nós encontramos a Mãe de Deus sempre “junto de Cristo, unida a Ele e à sua Igreja. A Palavra de Deus nas Escrituras (Antigo e Novo Testamento), lida e interpretada pela Igreja, é fonte do nosso culto de veneração, amor filial e imitação da Virgem Maria” (Ir. Aleixo Maria Autran).

Realizando sua formação mariana, o cristão deve levar em conta a tradição da Igreja, estudando os fatores, os desdobramentos e as contribuições referentes à doutrina e ao culto da Virgem Maria ao longo dos séculos. É importante aqui que estudar os documentos do magistério eclesiástico, os dogmas, as obras dos Padres da Igreja, os apócrifos, os escritores, os santos, a liturgia e piedade das comunidades.

Aprofundando e esclarecendo seus conhecimentos marianos, o cristão precisa do auxílio da teologia. Os leigos têm acesso ao estudo da teologia. “De uns tempos para cá, há algumas décadas já, o estudo da teologia, como ciência, deixou os ambientes restritos dos seminários e das casas de formação para se tornar um curso acessível a todos, não somente aos futuros padres e pastores, mas também aos leigos, religiosos, animadores de comunidade, e demais agentes de pastoral” (Antônio Mesquita Galvão, teólogo leigo e escritor). Existem vários cursos de mariologia, quer nos centros de teologia e nas comunidades, quer por correspondência. As editoras têm publicado muitos livros marianos, que trazem as reflexões dos teólogos.

Texto de Pe. Eugênio Antônio Bisinoto

Leia ainda:

www.veritatis.com.br/padres-da-igreja-e-a-mariologia/

www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=2979&head=0

www.apostoladoscr.com.br/2009/02/mariologia-i-parte.html

www.resa.org.br/formacao/1611-o-que-e-mariologia.html

Fonte:https://www.larcatolico.com

Imagem: Pixabay

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